quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Ilusões

Sabe-se de cor as estradas que levam ao inferno e reconhece-se esses trilhos no rosto das pessoas.
No labirinto do mundo confundimos as nossas mentes e cansamo-nos de nós mesmos. Vive-se deambulando, desgostosos da vida.
E opta-se pela ilusão.


terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Uma vez

Vi o sol entrar na flor e a noite a descer do céu.


quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Cultivando o reino dos céus

Ao ver um menino a brincar lembrei-me do que disse Jesus Cristo: “Deixai vir a mim as criancinhas e não impeçam, por que delas é o reino dos céus.”
E reflicto em três porquês:
O menino brinca, porque quer trazer a alegria para dentro e fora de si mesmo, por isso ele brinca. O menino ri, porque quer trazer a alegria para dentro e fora de si mesmo, por isso ele ri. O menino graceja, porque quer trazer a alegria para dentro e fora de si mesmo, por isso ele graceja.
A alegria é parte intrínseca daqueles que cultivam o reino dos céus - porque não pensam nos porquês da vida!

» Eles não perdem energia com pensamentos destes: qual a razão de rirem ou de chorarem? Riem e choram porque é o que lhes vai na alma. O que isto significa é que, possivelmente, a chave para o reino dos céus está em sermos transparentes nas nossas emoções, jogando-as para o exterior de nós tal e qual como estão na nossa alma.


quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Igual a ti

Tudo menos tudo igual a ti. Quem é quem? Sem ti és tu. Tu menos o pensar e cabem todos. És, sim, quem? Tudo, dizes erguendo a sobrancelha.

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

O mestre e o discípulo

Rastejando até mim, aqui chegaste. Depois, quiseste alcançar a minha altura, tentaste e eu por compaixão te trouxe até cá, donde escutas o que te digo. Agora vai, sobe mais alto e sê maior do que eu, para que os meus olhos brilhem e o meu coração se encha de orgulho.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Ontem foi assim - baile Celina da Piedade

Há três semanas atrás, na tv a canção começou e o menino logo serenou. Deslumbrado, o Simão (o meu filho de dois anos) dançava ao som de "Assim Sou Eu", o primeiro single do novo disco SOL de Celina da Piedade . Daí em diante, dizia o nome de Celina pela casa e pedia para ver as gravações das actuações na tv (que começamos a gravar). É curioso como um menino de dois anos escolheu ser fã de uma cantora cujo público principal sejam os adultos. De facto, ele gosta de música em geral, mas nada semelhante com esta paixão: a Celina é indubitavelmente o seu ídolo. Não sei explicar a razão de tal acontecer, nem sei se estas coisas se explicam, só consigo apreciar o sucedido. Na verdade, a Celina é uma grande amiga dos tios do Simão, mas este nunca soube - será que a empatia nas amizades corre nas veias das pessoas e tem um fundamento genético!? Ontem o menino foi ao baile de danças do mundo na biblioteca de Palmela, e a artista convidada para animar o evento era, nem mais, a Celina da Piedade. Estávamos curiosos como reagiria ao vê-la, reagiu assim: antes do concerto cumprimentou-a com todo o respeito e consideração de quem cumprimenta o seu ídolo, com parcimónia. Mas logo que a música começou parecia que tinha pulgas nos pés, desatou aos saltos e pinotes por aquele lindo soalho de madeira, feliz a deleitar-se com os temas durante todo o concerto. Já no final, quando a Celina tinha terminado e estava a dar autógrafos, ele soltou-se da minha mão indo a correr para a artista. Furou por entre os presentes, agarrou-se à sua saia e, puxando-a, implorava-lhe o que todos os dias nos pede: «Mais Celina! Eu quero Celina,  mais Celina». A artista afagou-o enquanto falava com as pessoas. Com o ruído na sala, não entendeu (nem esperava tal súplica, vinda daquele pimpolho de 24 meses), mas eu apercebi-me do que ele pedia. Ela, que é de um amor sem fim, brincou com ele. Entretanto, já no final, compramos o seu cd no qual  fez a seguinte dedicatória: «Para o Simão, o meu fã nº1». De facto, a artista apercebeu-se do amor que o menino tem pelas suas canções, e eu não tenho dúvidas que a dedicatória esteja correcta. Ontem adormeceu a ouvir o cd, e hoje, logo de manhã, as seguintes palavras: «Cd Celina, eu quero Celina, mais Celina!».


"Acredito", segundo single do novo disco de Celina da Piedade



Celina da Piedade - Assim sou eu


Meu filho, que mantenhas sempre este amor à música que tem corações dentro!


sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Uma existência que cresce

Há luz na vida, uma existência que cresce, mulher que deu à luz e cuida. Há luz na vida, aqui, visível.
Do outro lado do infinito, há luz e há vida.


quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Ter-te aqui é como um milagre para mim

Quem ouve o que eu digo? Se sim, ergue a mão para que te veja! Quero saber tudo de ti, donde vens, para onde vais, porque paraste aqui para me escutares. Só depois te deixo partir, não sem antes te abraçar.
A vida quer-se, assim, intensa! Para que os laços se fortaleçam.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Como no início

Subindo ao cimo do monte, admirou os pés do homem que foi, desse olhar surgiu um desejo: esquecer o passado e, como no início, ser livre.


domingo, 11 de dezembro de 2016

Miseráveis de nós, os que não vemos

«Sobe ao alto de ti, e observa. O que vês?» - Perguntou. «Não mais do que via lá em baixo» - respondi. Abanou a cabeça como que a desprezar-me, gritando: «Abre os olhos, ignorante, vê quem és!»


sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Mudanças no plano determinado

Para quem quer mudar tudo de uma só vez: a mudança deve ser lenta mas consistente, recordando aquela lebre e a tartaruga que venceu por fim! Todas as mudanças devem acontecer numa lentidão dos passos.


quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

A vida nasce da união

A pilha ergue-se numa plenitude esperançosa. O pequeno rádio de relatos aguarda por quem lhe dá a vida.
Dois mundos separados, que apenas unidos encontram uma razão para existirem (ou para viverem!).

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Até morrer

Escrever, palavra esta, escrever, que fazer com esta palavra?, palavra comprida, embora não muito difícil de dizer, es cre ver. Juntando es, que nada diz, com cre, que não diz nada e por último com ver. Esta última silaba que diz? Olhar, poder ver o que está escrito, poder ver o que as palavras dizem. Porém, e o que fazer a es e a cre?, que só juntamente a ver dão origem a escrever.
Que me interessa!?
Escrever, es cre ver, es cre ver, es cre ver, es cre ver, es cre ver...
Até morrer!


terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Segredos revelados - O que faço na realidade

Uma expressão carinhosa alcançando-me e a voz numa melodiosa ladainha. 
Caminhando pelo Jardim, a empresária de sucesso conta-me como conseguira. Eu escuto-a, encantado pela simples facto de estar ali, a ouvi-la. Depois:
- O sol conforta-nos sempre, transmuta as nossas emoções - disse.
Eu, com um sorriso, respondo:
- Para mim,  escutar o mar numa manhã de sol é um óptimo ansiolítico.
Ela então estacou.
- Acabou agora mesmo de sintetizar o segredo do meu sucesso. Encontrar a cada instante o meu ansiolitico... Sem químicos, claro! - terminou numa gargalhada, que soube bem escutar.
Acredito que mudei ao ouvir estas palavras, porque foi nesse dia que a minha vida tomou um novo rumo.
Hoje em dia, na minha profissão, considero-me um perscrutador de entusiasmo!


segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Cuide de mim

Nossa Senhora do Rosário de Fátima,  que formosa foi, ainda é e será pela eternidade que há-de vir. Bebé que foi, criança a crescer, mãe se tornou. A fé acompanha e ao lado de quem a estima permanecerá.
Sorria, Nossa Senhora, para que os seus olhos alegrem os céus.
Cuide, Nossa Senhora, daqueles que estima. Cuide de mim se me estima.


domingo, 4 de dezembro de 2016

Da vitória

Duas setas se perseguem, a da frente segue adiante, a outra a persegue. A vitória será da segunda, apenas se a primeira se deixar alcançar.


sábado, 3 de dezembro de 2016

Das tempestades dele e da nossa ambição

limpando o mundo que destruímos, clarificando tudo com um sopro de luz. E aguardar, para que tudo aconteça, livre do ódio.
Agora que o tempo limpou o nevoeiro, eu e tu contemplamos quem fomos. De nada te arrependes ainda? Pois eu sim, amado planeta, pois eu sim! De muito me arrependo.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Modernos e estranhos - O mundo está louco

Numa vontade expressa de emoldurar o mundo e para ele olhar, um casal cuspia conversas banais para o universo vazio.
- Que belo quadro - disse ele.
- E fica tão bem naquela parede - conclui-o ela.
Depois, com uma flexão de dedinho, ele exigiu um uísque; e para ela um cocktail colorido.
Então, pela noite dentro, falaram de intrigas com obscenidades; mais tarde, quando subiram para o quarto, estavam tão maçados que fizeram um sexo intenso todavia rápido e adormeceram logo; acordaram num hospício na manhã seguinte.
Da janela dum luxuoso quarto de hotel, viam um rio, árvores e um casal a passear os filhos num jardim.
- O mundo está louco - afirmou ela. Concordo plenamente contigo - conclui-o ele.


quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Dos nossos actos e do carma

O grão de areia rodopia em frente do espelho que é o meu olhar. De súbito, descai. Noto que me teme, mas ainda o seguro por entre os dedos, que coloquei em pinça.
Ao ver esta imagem, a minha gargalhada ecoa pelo tempo e pelo espaço. O grão de areia, então, chora e as suas lágrimas enlameiam os meus dedos.
- Que nojo - digo limpando as mão às calças. - Já eras!
Seguidamente, sinto uma pontada nas costas, o meu coração descontrola-se e caio pelo chão, enrolando-me em mim. Ainda ouço uma voz dizer:
- Já eras!


terça-feira, 29 de novembro de 2016

Não lembrar para continuar

Envolto na miséria que acompanha pela rádio, o idoso contempla o mar. Sentado no seu pensamento, contempla a beleza que imagina. E recua até à sua juventude, quando elevou a sua amada por cima do ombro e lhe perguntou:
- Casas-te comigo?
Ao recordar este episódio da sua vida, o idoso desejou morrer.
«Para a vida continuar é melhor não dar azo aos pensamentos»; conclui-o.


segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Entre a fronteira e a alma

Alternando os dias, o baralho de cartas muda as acções. Eu olhando o horizonte mendigando o pão, elevando a pique o mundo. Fronteira infinita, daqui além, que não mais mostra quem é - fronteira de arame farpado. Altivo muro que nos separa, esquece o horizonte e olha para mim, escuta estas palavras com atenção:
Tu és maior que o mundo, és mais alta que o universo porque estás em todo o lado, fronteira.
Depois, observa-te e grita tão alto quanto consigas, grita para que te ouçam, lá onde estão, no final dos tempos. E «adora» quem foste para que ultrapasses, ama tudo o que te rodeia para que escutes a Música, para que faças jus ao teu passado. Então, dança na roda do mundo tocando os outros e, com eles, sendo feliz.
Para que queres... se tudo terás, se nada quiseres. Escuta os teus passos a pulsarem o chão, na ladainha da vida, a tua atenção será o meu olhar, para que tudo eu veja. Para que te derrube muro que és, e para que sejamos quem na realidade somos: Tudo!

domingo, 27 de novembro de 2016

Do Baile de Danças Tradicionais do Mundo com SeSam Duo. Palmela 27-11-2016

Três músicas tinham acontecido, depois veio aquela que fez o clique na existência de todos nós, os que vivemos aqueles momentos. Foi assim: o tempo e o espaço transformou-se, tornou-se místico de uma vontade de se ser feliz. Até que os passos da dança sincronizaram com o bater dos corações, foi quando os músicos, os SeSam Duo,  não estavam lá mais, nem eu estava, nem quem dançava. Apenas uma alma comum preenchia cada centímetro da sala da Biblioteca Municipal de Palmela. Essa alma alterou o sentido da vida de todos nós, durou uma música mas ficou para sempre.

Os meus agradecimentos a esta numerosa "família" tão especial.
Nuno Firmino, dia 27-11-2016

https://www.facebook.com/events/1757683364493683/


Da prostituição

O homem ordenava «Vira-te mulher que és; para que te olhe de alto a baixo. Aqui, vem aqui! Faz o que tens a fazer».
Na miséria das ordens, ela fazia o que havia para fazer, escrava dele. A troco de dinheiro, outro ser humano abusava dela.
Miseráveis momentos, que nada acrescentavam à miséria que antes havia. O dinheiro gasta-se, o corpo limpa-se e pensa-se que tudo está igual, mas nunca mais será como dantes. As recordações enegrecem a alma e a miséria cada vez mais a põe entre grades.
Miséria, contudo, que atacará mais quem pagou do que quem recebeu - se carinho não há, apenas a ilusão existe!


sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Como a vida

Dia após dia, no calendário os números se  riscam. Avanço compassado, onde o futuro é amanhã.
O «hoje» é um risco, o «amanhã» uma página em branco.

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Na minha alegre casinha

Seguro no comando da televisão, admiro-o, pequena caixa cuja função me agrada.
Jogo-o ao ar, a rolar, e no momento em que o devia acolher, fico impávido a vê-lo estatelar-se no chão. Então, levanto-me, lentamente caminho na direcção da TV, abraço-a e carrego-a para longe de mim.
Só assim pude alcançar a paz na minha casinha.



quarta-feira, 23 de novembro de 2016

O meu amor

Reencontro o meu amor sentado no cimo da serra de São Gonçalo e contemplo-o com a leveza das lágrimas. Por fim, quando o silêncio já não mais expressa o sentir, exclamo:
- Amo-te, amor que existes em mim! E, porque te amo, volta... Regressa para o meu coração, o lugar de onde nunca devias ter partido...
Amor que em mim habitavas, desde o nascimento, perdoa-me por ter sido mau anfitrião.


terça-feira, 22 de novembro de 2016

Uma esperança para o mar salgado e nós

Entristeço-me ao ver o mar que, mesmo tão salgado, não cessa de chorar.
- Porque choras? - pergunto-lhe.
- Choro porque a minha alma está triste - responde-me este mar.
- Não chores mais, alegra-te comigo... Sorri um pouco, meu amigo.
- Não consigo, é que só as lágrimas expressam o que sinto!
- Queres desabafar comigo a razão de tamanha tristeza?
O mar suspirou profundamente e, passado algumas ondas, contou:
- Choro porque os portugueses já não são os aventureiros corajosos que outrora conheci. Já não são aqueles que me exultaram a ajudá-los a conquistarem novos mundos. Já só me fazem lembrar peixes amorfos seguindo um cardume sem nobreza. Esqueceram-se de quem são e, mais, esqueceram-se que o destino de Portugal ainda não se cumpriu.
- Não chores tanto  - pedi. - Pois, conheci quem disse: «Os Descobrimentos que os portugueses fizeram foi para fazer com que o futuro coincidisse com o passado. Que é coisa do Einstein. O regresso ao futuro que seja o passado, ele próprio. » Por isso, tudo vai mudar, mar - acredito neste homem! Chama-se Agostinho da Silva.
Desde esse dia, o mar ganhou um novo entusiasmo, pois o professor - tal como Jesus Cristo há dois mil anos atrás para os humanos - deixou uma nova esperança aos portugueses.
Para que Portugal se cumpra, há que espalhar a palavra do professor Agostinho da Silva.


segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Um filho de Portugal

Senhor, que lá longe, naquele país longínquo, no Sul da África encontrou o trabalho de toda uma vida, trinta e três anos o mantiveram longe da nossa Pátria. Portugal, país mártir que agora vê os seus filhos partirem de novo sem a esperança da conquista. Quantas foram as vezes, senhor, que viu a injustiça acontecer pelo cano de uma arma. Quantas foram as vezes, meu senhor, que viu o sofrimento caído no chão; quantas foram as vezes, senhor, que as suas lágrimas lhe pareceram tão iguais às lágrimas dos negros que ajudava. Senhor que continua pleno de nobreza. Na verdade, quem mostra carácter, será sempre um filho de Portugal, cá e lá - onde estiver.
Post dedicado a quem me mostrou como é possível lutar contra a descriminação racial, em qualquer que seja a conjectura. Na África do Sul este homem, filho de um Portugal que se quer digno, lutou contra as injustiças do apartheid, sentiu uma bala passar-lhe a um palmo da cabeça, foi espancado, mas nunca perdeu a fé no ser humano, nunca se esqueceu que um filho de Portugal ama todos os povos e respeita todas as idiossincrasias.

domingo, 20 de novembro de 2016

A necessidade que acresce valor

A areia saltava do chão vermelho. Sorrindo, o menino brincava à apanhada com o vento. Eram dias felizes aqueles. Na sua meninice passava as férias numa aldeia do Alentejo, Ermidas do Sado. Ali conheceu os segredos das pessoas simples, que afinal são reflexões com o único intuito de ajudarem a subsistir numa pobreza extrema. 
Sabedoria que o tem ajudado pela vida fora - é junto dos que lutam que a vida ganha valor. 


sexta-feira, 18 de novembro de 2016

A Mulher Sábia

Mulher que sabe a história do mundo, que define nas suas palavras o sentido do passado. Olhar acutilante dissecando o que aconteceu. Diga-me, mulher, o que aconteceu para que agora os Homens tenham perdido o respeito; dignidade coisa só de alguns, dos poucos que ainda conferem sentido ao presente. Tudo o mais é podridão. Miseráveis daqueles que subsistem no meio desta imundice. Mulher, diga-me o que fizeram aqueles do passado para melhorar o presente em que viviam?
A mulher olhou-me bem fundo nos olhos, tão fundo que penetrou na minha alma e resgatou um punhado de esperança.


quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Porque nasci cobarde!?

Mestre, você que compreende o que em mim acontece, quando olho a injustiça nas ruas: que fazer, Mestre, quando a tristeza do olhar faz contorcer os nossos rostos e a feiura de dentro se torna igual à de fora? Mestre, você que tem encaminhado o meu pensamento, oriente agora o meu olhar, para que não veja, ou então para que, pleno de coragem, tudo de uma vez veja. Cobarde que sou, tão diferente de si.
Porque nasci cobarde, não perca mais o seu precioso tempo comigo.
Deixe-me entregue a mim mesmo.
«Ainda não estás preparado», respondeu pensativo.


quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Frase Dourada

Naquilo que significas, a plenitude navega num mar de impermanências. Ao leme dessa simples jangada, o sonho de melhorar a humanidade ordena as palavras. E, tu, no teu esplendor, transmites o que o homem por meio de ti quis partilhar - frase dourada.


segunda-feira, 14 de novembro de 2016

O embuste da coragem que fala barato

A coragem que há na cobardia é cheia de raiva e de medo. Não é dessa coragem que anseio. Essa é a coragem dos que temem.
Falo de outra força, que no silêncio se impõe, que na amabilidade dos gestos ordena.  Que no diálogo encontra uma saída para o obscurantismo dos conflitos.
Homens de coragem são tão poucos, tão raros e grandiosos.
Existem, sim, bastantes que se gabam de serem corajosos. Todavia, a coragem não fala barato.


sábado, 12 de novembro de 2016

Devemos Ser

Que fazer, se  depois de fazer, quando o feito está feito, nada temos para fazer.
Será que é preferível nada fazer, para que tudo fique eternamente por fazer. Ou será melhor aos poucos ir fazendo para que sempre haja o que fazer. Que fazer, fazer ou não fazer, penso que se fizermos, o que fica feito estará concluído, se fizermos mas deixarmos sempre algo por terminar temos sempre que fazer.
Outra questão se coloca, donde vem esta íntima vontade de sempre querer fazer algo, mesmo quando não há para fazer inventamos o que fazer. Talvez o melhor seja encontrar voluntários para que nada façam de verdade, para que se estudem os efeitos do nada fazer.
Talvez o nada fazer abra um portal  novo na humanidade e então cheguemos à conclusão de como é mesmo bom fazer, mas temos que fazer de outra maneira; devemos, sim, fazer de uma maneira muito diferente daquela que temos vindo a fazer.
Devemos ser a fazer.

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Migalhas que alimentam a vida

Era uma vez um menino que queria encontrar a sua vida. Certo dia, decidiu pôr-se a caminho, rumo ao seu destino.
Deu o primeiro passo. E a cada dia, a cada passo, foi descobrindo migalhas de vida que agiam como se fossem um alimento.
E assim foi, o menino tornou-se um mestre na arte de alimentar a vida. Para isso bastou-lhe arriscar e começar a procurar – bastou-lhe, por isso, pagar o preço de quem arrisca seguir com a sua vida e ousar ser diferente (ser quem é, um ser original).
Meus queridos, desejo-vos que encontrem as vossas migalhas de vida!

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Grito de Neve

Rasgando o ar, o grito limpa a  neve que cobre o trilho. Escolhe o teu rumo neste ar, caminho de gritos. Escolhe o rumo do teu conversar, caminho de vícios, e esculpe um boneco de neve contigo.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

O resultado da liberdade

Acredito que cada um encontrará o que procura na senda da liberdade. No trilho da emancipação que nos eleva a um patamar onde mais nada existe, nem mesmo o cárcere onde inocentes fomos colocados.


terça-feira, 8 de novembro de 2016

Da educação

Penso que o saber é acima de tudo um pretexto para ensinar. Penso que ensinar algo, se não for feito com sensatez, é estar a subjugar o outro. Ensinar é difícil, é preciso saber ensinar. Para isso, penso que devemos, acima de tudo, acreditar que existe a possibilidade daquilo que sabemos estar errado, para que presunçosamente nada ensinemos. Deste modo, deixaremos o outro livre de nós, assim,alguém aprenderá alguma coisa.
Só se quisermos aprender, o outro terá hipótese de ensinar, se souber ensina, se, porventura, não souber poderá procurar aprender. Penso que a imposição, penso que a escravatura, seja ela qual for, deve, acima de tudo, ser enfrentada com coragem. É preciso enfrentar, é preciso não temer represálias - se com medo vivermos com medo caminharemos, e os predadores, aqueles que pressentem o medo, atacarão. E vão arrastar-nos para a sua gruta de vampiros e irão sugar todas as nossas forças - seremos escravos. O homem quer-se livre.
Os pais tendem a escravizar os filhos, não compreendem que estão a fazer deles seres inúteis, sem opinião, sem coragem para enfrentar o mundo. Os pais, apenas pensando nos seus próprios interesses, tendem a mandar nos filhos, tendem a impor-lhes regras despropositadas. As crianças querem-se livres, para que cresçam saudáveis, para que a sua personalidade acompanhe o crescimento do corpo.
Vamos lutar por um mundo saudável, e vamos fazê-lo alterando o modo como educamos os nossos filhos. Vamos fazer com que as crianças sejam livres de escolherem o melhor para elas a cada instante, mesmo que isso seja o pior para elas, mesmo que os pais, adultos que são, pressintam que isso seja a pior escolha. Avisamos e com amor informamos - é só isso que temos obrigação de fazer.
Os erros são uma duradoira lição.


segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Batucando as teclas, vivo

Nasci, depois de nascer vivo, depois de viver viverei?
Falo do que não sei, então pergunto o que desejo saber. Encontro respostas que me agradam, outras que nem por isso. Enfim, será que as respostas nem por isso são as correctas, ou será que para certas perguntas não há respostas erradas.
Pergunto e ouço respostas, será que estão bem, ou será que de tão erradas me confundem? Sei lá, devo, sim, viver!
A cada instante devo viver, viver o momento.  Antes de nascer será que já vivia cada momento, será que depois de morrer irei também viver o momento. Sei lá, e isso importa saber? Para já, não tem importância alguma, neste momento, apenas batucar as teclar tem alguma importância.


domingo, 6 de novembro de 2016

Para que não caia nunca

Quando imerso em ti, desaguo nas águas límpidas da tua nascente. Desaguo em ti, desaguo no interior de ti, que me abraças e me levas para onde desejas. E desejas tudo.
Então, a tua mão agarra a minha alma e segura-a bem alto dizendo, Cabes no meu punho. Que faço, se é verdade aquilo que dizes; aquilo que o gesto da tua mão indica está correcto, sim, cabo por inteiro no teu punho, até porque é nesse gesto que me cumpro, eu cabo por inteiro na tua mão.
Se me largas, caio pelo abismo de nós, perderei o rumo e desaguarei longe de ti.  Segura-me para que em ti eu sempre encontre abrigo, quero-te a ti e não a outra.
Segura-me bem firme no teu punho para que, assim, possa afirmar,  na tua mão sou feliz!
Segura-me bem, para que não caia nunca.



sábado, 5 de novembro de 2016

Observa-me Pássaro

Quando por terras o quadrúpede andou e por mares o peixe nadou, o pássaro sobrevoou, o pássaro sobrevoou...
Pássaro que há em mim sobrevoa-me, para que por intermédio de ti eu me conheça das alturas. Pássaro voa, pássaro sobe alto em mim e analisa-me!
Quero que me estudes, peço-te que contemples todos os meus passos, observa-me pássaro.
Pássaro que há em mim, observa-me para que me possa elevar.


sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Pai, avôs, avós

Entrelaçar os dedos, pontas de papoilas ao vento. Prometo, viverás comigo nas recordações que tiver, verás pelos meus olhos o que eu for vendo e sentirás a emoção de segurar o mundo bem alto no meu punho quando o erguer.
Sorrirás, pai, avôs, avós, quando eu sorrir e presenciar a alegria genuína que brinda a existência.
Porque, como se diz, estarás sempre comigo.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Da preciosa utilidade da escada

Quando um homem sobe uma escada, a escada é para esse homem apenas uma escada? Ou será mais do que uma escada, levando em consideração o que deseja alcançar ao subir a escada?
Será uma escada somente uma escada para alguns homens?, ou  será que a mesma escada tem valor diferente para cada homem que a sobe?
Penso que uma escada tem valor diferente para cada homem que a sobe. E vocês o que acham, qual a vossa opinião? Será a mesma que a minha ou será oposta, semelhante ou diferente!? Será que vos interessa tanto quanto a mim falar de escadas, pensar na utilidade das escadas?
Se quiserem intervir, falem de vossa justiça, imaginem uma escada e falem aqui sobre ela - como numa taberna se conversa da cor do vinho-, vamos conversar aqui do significado das escadas para o homem comum, ou para o incomum -  para um homem à vossa escolha. Falem de escadas, se quiserem até peçam a um homem o favor de subir uma escada real e anotem num bloco todos os pormenores, todas as ideias visíveis e invisíveis.  Anotem tudo, depois meditem pormenorizadamente sobre o acto de subir uma escada e alcancem os vossos sonhos.

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Começando

Caros leitores, amigos que tenho:
Como sabem, admiro tanta gente, tenho tantos ídolos. Adoro poetas e escritores. Adoro determinados livros como amigos íntimos, daqueles com quem partilhamos tudo. E canções que gosto são tantas. E sorrisos e olhares que venero: tantos, tantos… Já eu tenho defeitos, os meus cabelos estão imersos em defeitos e o meu sorriso abre-se em defeitos. Confesso que o meu olhar sobre o mundo tem defeitos, e o que escrevo e penso terá defeitos. Sim, porém, para que neste blog vos faça sentir a plenitude da existência, edificarei, pelo amor, a nobreza e a luta nos ideais que a minha alma acredita. Certamente, o vosso amor também transmutará os defeitos que as minhas opiniões amontoarão.
Assim sendo, prometo inúmeros posts estranhamente poéticos (sensação que habitualmente me confessam pressentir em tudo o que faço), como uma candeia que alumia este blog - num amor que reluz.

Todos os dias, a minha opinião (as nossas).