terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Darko feat Mafalda Arnauth - Pó





Pessoas há capazes de tudo, alcançam a dor das prateleiras envelhecidas e com ira despedaçam o pote saudoso. Cacos reflectem «o desalento de uma perda» num chão de mosaico hidráulico. «Decora a hora em que eu não vou saber gostar de ti!» É o pó que data as emoções (as arruína). Lindo, lindo, lindo, Zé Manel (Darko) e Mafalda Arnauth:

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Do Sobrenatural

Acho que tive uma experiência sobrenatural quando...
O termo sobrenatural implica algo que ocorre fora da caixa do que é considerado como natural e alcançável por uma explicação cientifica. A ciência é ponto assente que ainda é uma recém nascida. Como tal, tem um olhar em construção sobre o mundo. Quando atingir a maturidade, muito já saberá sobre determinados fenómenos ditos "sobrenaturais". Enquanto esse tempo não chega, essa é uma área que eu não exploro nem sei falar sobre ela. Limito-me a trabalhar sobre o que já a ciência explica, que é de uma enormidade tal, que eu precisaria de várias vidas para dominar, como gostaria. Esses fenómenos deixo para quem tem um interesse genuíno sobre o assunto. Respeito e até acho bem que exista uma pluralidade de abordagens, desde que, atenção, nada se prejudique.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Da realidade

Se pudesse voltar a viver um dia da minha vida, seria...
enfim, esta pergunta não faz sentido, porque a vida é um continuum. Ninguém pode voltar a viver exactamente aquele dia que já viveu. Portanto, é uma perda de tempo (de vida preciosa) estar com saudosismos a vasculhar o que passou. Até porque é redutor e mal educado eleger um momento mais marcante em detrimento de outros que fizeram parte da nossa passagem por este mundo. Desencantar um dia para o viver de novo é uma ilusão das mais vincadas, cresci e já não acredito no pai natal. O regresso ao passado é um filme, logo é impossível de concretizar. Só perco o meu tempo com o alcançável de realizar - o presente e o futuro.

Das saudades

A coisa ou a pessoa de que mais tenho saudades da minha infância é...
de entrar num mundo mágico, onde aquele sobreiro, em especial, comunicava comigo. Dos abraços da minha avó Lúcia e das pescarias com o meu avô Mealha (onde num dia, em que fora o único que não me tinha estreado, um peixe com três quilos salta da água directamente para o meu colo, enquanto contemplava o oceano. Tenho saudades da criança que encarava o mundo com entusiasmo, e que rasgava a realidade voando entre as nuvens e lutando pelo bem e justiça em cada oportunidade. Quando olho ao espelho ainda encontro esse menino, com outra fisiologia mas com a mesma determinação.

Dos safaris

Se fizesse um safari, o animal que mais gostaria de encontrar é...
... não, não seria um animal. Em todas as viagens que faço o que gosto de encontrar é a consciência do momento presente, aquele sentimento de estar desperto, que advém do facto de tudo ser desconhecido, e por isso solicitar uma maior atenção. Até um animal do meu quotidiano observado nesse estado transmuta-se assemelhando-se a um ser fascinante. Contemplado com atenção plena tudo é na verdade magnificente e pleno de mistério. Até o animal mais comum é um ser encantado porque possuidor de vida. Observem e reparem.

Dos dons

Descobri que tenho um dom para...
viver. Embora me esqueça com frequência de o saborear. Este dom que nos é legado é o bem mais desrespeitado, tantas vezes jogado para um canto e esquecido. Durante uma fase da minha existência, há uns dez anos, visitei com alguma frequência o mestre zen Thich Nhat Hanh. Eu e a minha esposa caminhávamos com ele e os seus monges, vivíamos as suas rotinas. Por vezes, quem passava perto de um determinado sino, parava diante dele, e com cerimónia tocava-o. Então, todos fazíamos uma pausa nos afazeres e trazíamos a atenção para a vida que se desenrolava no nosso corpo e à volta. Funcionava como um lembrete..., puxava a nossa consciência do buraco do esquecimento em que pensando gastamos as horas. Confesso que me faz falta esse lembrete, a tocar várias vezes ao dia, para tirar partido do dom e viver.

Da música

O meu local preferido para ir depois do trabalho é...
o interior do meu carro. Antes tinha um carro sem rádio. Agora já tem, e posso saborear a Smooth FM. Adoro. Quando entro no interior do carro e sintonizo a estação, aquela meia hora até casa é deliciosa. Há anos que não sentia vontade de ouvir música, imaginem, logo eu que frequentei o conservatório, que toquei na filarmónica da minha terra e que fui tantos anos professor de música. Porque nesses tempos apreciava mais o silêncio do que determinadas músicas que alterassem o meu estado de ânimo. Até as julgava uma magia poderosa que me subjugava, da qual sensação eu não gostava, e deixei de voluntariamente procurar ouvir música. Talvez seja da maturidade, não sei, talvez tenha aprendido a não me deixe influenciar, porque agora aprecio, mas atenção, só a Smooth Fm, e só no meu carro.

Dos sapatos altos

Sapatos altos ou rasos?
Não uso sapatos altos, claro. Mas quando as senhoras me perguntam a minha opinião sobre este assunto, gosto sempre de contar um pouco da história da invenção dos sapatos altos. Estes surgiram pelo facto de empinarem o rabiosque das senhoras, fazendo com que as roupinhas caiam que nem uma luva. Uma coisa é certa, se eu fosse senhora usaria com toda a certeza sapatos altos, não por essa razão do rabiosque e da toilette (até porque fica bem, só que prejudica a coluna), mas porque gosto de alturas. Adoro o topo das montanhas e... quando era miúdo, era conhecido por subir às árvores mais altas, por vezes pinheiros gigantes, de subir até à copa e por lá ficar a contemplar o horizonte.

Do pai

Se pudesse dar um prémio ao meu pai seria...
ôs-se para trabalhar nos caminhos de ferro portugueses. Como estava habituado a trabalhar muito foi aceite a colocar as travessas da via férrea. Depois do horário de trabalho começou a frequentar a escola, a qual completou com enorme sucesso. Nessa altura, dormia numas camaratas da CP e ainda hoje testemunhas me contam que ele, do extremo cansaço, adormecia com frequência sobre os manuais. Rapidamente completou a escola industrial e com a mesma rapidez se tornou um dos chefes das oficinas do Barreiro, onde trabalhou até morrer. Pelo que me dizem era duma cordialidade ímpar para com os colegas, sempre apaziguava, na vez de incendiar, e ganhou o respeito e consideração de várias gerações de subalternos. Depois do trabalho reparava sistemas de refrigeração e há cerca de 25 anos fundou uma das loja de electrodomésticos do Pinhal Novo Quando morreu, tinha eu 26 anos, o seu funeral comportou uma enormidade de participantes que lhe vieram dar o último adeus, porque tinha sido um homem bom, amigo. O pai dele, o meu avô, cujas pessoas raramente lhe enchiam as medidas, disse-me que o meu pai era uma das pessoas mais trabalhadores que conheceu e que era, isso mesmo, um homem bom.

Da Osteopatia

Teria muito jeito para trabalhar como...
não tem volta a dar, Osteopata. Quem me conhece sabe que adoro escrever, ler e estudar. Porém, desde miúdo que também tenho jeito para trabalhos manuais, desde moldar o barro, a madeiras. Ou mesmo obras de construção civil... quando tive que remodelar a loja, para a tornar no consultório de osteopatia, coloquei mãos à obra, com pladures, pinturas e até a fabricação de molduras. Adorei. Também lá em casa já fiz de tudo nesta área, desde rebocar paredes, fazer uma escadaria etc., etc. Faço com gosto, todavia o que eu adoro mesmo, e do qual tenho o melhor dos feedbacks, é de tratar pessoas - abrandando ou eliminando as suas dores.

Das passadeiras

Quando atravesso a passadeira...
sinto-me sempre como se estivesse a passar por uma ponte alta e velha. Apreensivo, alerta. As passadeiras podem ser símbolos transpostos para atravessar a vida, porque caminhamos numa passadeira com o intuito de continuarmos com a nossa existência. Atravessamos essa etapa perigosa para nos colocarmos noutra localização e chegarmos ao nosso objectivo. No entanto, a passadeira é o meio racional e sensato de o fazer. Para termos mais hipóteses de alcançar os nossos objectivos, devemos tomar partido das regras instituídas para transitar na existência em segurança. Todavia, sempre alerta.